quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um pouco da História da EJA no Brasil.

                        
Na década de 30, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, sendo uma delas o processo de industrialização e a concentração populacional em centros urbanos educação. O ensino básico acolheu setores sociais diversos, no entanto o governo federal ampliou uma educação elementar para todos incluindo a educação para adultos, principalmente nos anos 40, delimitando novos rumos para a educação básica para adultos.
Em 1945, com o final da ditadura de Vargas, com o recém término da Segunda Guerra Mundial e a ONU- Organizações das Nações Unidas alertando sobre urgência da integração dos povos visando à paz e a democracia a educação de adultos ganhou destaque, com a intencionalidade de aumentar as bases eleitorais no país para a sustentação do governo central.
Sendo assim, em 1947 a educação de adultos tomou forma de campanha nacional, sendo que se pretendia alfabetizar em três meses com a condensação do curso primário em dois períodos de sete meses, para em seguida cumprir a etapa de “ação em profundidade”, voltada para a capacitação profissional e o desenvolvimento comunitário.
No final da década de 50, houveram muitas críticas relacionadas à Campanha de Educação de Adultos, dirigidas às áreas administrativas, financeiras e pedagógicas, relacionadas ao curto período de alfabetização, a inadequação do método para adultos e às diferentes regiões do país.
Neste sentido, é imprescindível citar o pensamento de Paulo Freire, que assim como sua proposta de alfabetização de adultos, convergiram como a mola mestra para iniciarem-se os principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no início dos anos 60, sendo que vários grupos de educadores pressionaram o governo federal para que estabelecesse uma coordenação nacional das iniciativas, resultando na aprovação do Plano de Alfabetização em janeiro de 1964, com o objetivo de difundir a proposta de Paulo Freire por todo o Brasil (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005).
Graças a Paulo Freire e a sua pedagogia, o programa de alfabetização para adultos tiveram ótimos resultados. Este programa tinha a grande preocupação com os direitos humanos, contribuindo com cada cidadão sendo ele homem ou mulher.
Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização de adultos concientizadora, onde o alfabetizador realizaria uma pesquisa sobre a realidade existencial dos educando junto ao qual iria atuar, ou seja, as palavras utilizadas no cotidiano do grupo para expressar essa realidade. Essas seriam as palavras geradoras, e a partir delas se realizaria o estudo da leitura como a da realidade, procurando expressar o universo vivencial dos alfabetizados, MEC (2006).
Esta proposta durou pouco tempo, pois com o golpe militar em 64, Paulo Freire foi exilado e os programas de alfabetização e educação popular foram ameaçados e assim reprimidos. O governo assumiu o controle, lançando o Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Esse Material didático se expandiu por todo o Brasil com a intenção de alfabetizar, mas com o passar do tempo se tornou um material sem eficiência, sem sentido e problematizado MEC (2006).
Grupos dedicados a educação popular continuaram a expandir a proposta de Paulo Freire em pequenos e isolados vilarejos vinculados a movimentos populares, enquanto Freire seguia trabalhando no Chile e depois em países Africanos MEC (2006).
Diante deste fato e de muitos outros surgiram à preocupação com os direitos humanos, despertando a consciência e a responsabilidade social. Desta maneira, Comissão de Justiça e Paz de São Paulo lutaram contra as injustiças, participando de todas as lutas populares em prol dos perseguidos.
A comissão de justiça e paz lutou por vários movimentos, como pela anistia, contra a Doutrina de Segurança Nacional, contra a pena de morte, pela constituinte, entre outras. Também lutou pelos latino-americanos fugidos da ditadura vizinha do Chile, Argentina e Uruguai, com todos estes movimentos outras ONGs se juntaram em defesa da Educação dos Direitos Humanos (VÓVIO, IRELANDO, 2008).
Enfim em 1995, foi fundada a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos no Brasil, uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária e supra-religiosa, com a finalidade a educação em direitos humanos e a uma sociedade mais justa, tendo em foco a democracia a justiça e a paz (VÓVIO, IRELANDO, 2008).
A partir de meados da década de 80, surgi estudos sobre o aprendizado da língua e a escrita lançando novos olhares sobre a prática de alfabetização. A argentina Emília Ferreiro se destaca entre os educadores dizendo que não se aprende baseado apenas na silabação, mas também pelos conhecimentos prévios que o educando trás dentro de si. Esta proposta começou a fazer parte recentemente nas propostas pedagógicas para adultos, onde são trabalhados com materiais didáticos que atribui mais diversidade de textos e propostas de escritas (MEC, 2006).
Contudo, diante de uma realidade de exclusão educacional, as pessoas que não tiveram acesso à escolaridade na idade correta, têm o direito à formação, ao conhecimento, à cultura, à emancipação, e à igualdade, exigindo escolas que lhes atribuam formação e dignidade humana.    
(Juliana Vasconcellos, monografia “Educação de Jovens e Adultos: a perspectiva do educando da Zona Rural)

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